CNJ estuda ampliar Programa Novos Caminhos a nível nacional

Chegar aos 17 anos significa que, em 365 dias, a adolescência termina e a maioridade começa. Enfim, os 18. Idade para o início de uma vida de independência, carteira de motorista, fim da cobrança dos pais. Na maioria dos casos, uma singela utopia, mas para quem chega aos 17 anos vivendo em casas de acolhimento, começa uma contagem regressiva lenta, angustiante e repleta de conflitos. Mas, desde 2013, uma parceria entre a Associação dos Magistrados Catarinenses (AMC), Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC) e Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ/SC) tem mudando esta realidade e dado uma nova oportunidade de futuro para estes adolescentes.

Na tarde de ontem (16/1), o Programa Novos Caminhos – que já colhe bons frutos, com mais de 650 jovens atendidos em 76 municípios catarinenses e, destes, 126 já inseridos no mercado de trabalho -, foi apresentado ao conselheiro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Lélio Bentes Corrêa, que estuda a possibilidade do programa ser ampliado a nível nacional por meio do CNJ.

“É muito frustrante para nós, Magistrados, retirar estes jovens de ambientes nocivos para, aos 18, serem lançados à própria sorte. Com o Novos Caminhos nos sentimos realizados ao os vermos encontrarem um futuro profissional e formarem suas próprias famílias”, ressaltou o Desembargador Odson Cardoso Filho, presidente da AMC.

Já a Desembargadora Soraya Nunes Lins, coordenadora estadual da Infância e Juventude (Ceij) do TJ/SC, ressaltou a importância do trabalho em rede. “Tive a oportunidade de estar presente em alguns dos lançamentos do programa em regiões do Estado e foi muito gratificante ver o apoio de toda sociedade, não apenas das autoridades e das indústrias, mas de toda a comunidade”, pontuou.

O programa, que atualmente também conta com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/SC) e do Ministério Público do Estado de Santa Catarina (MPSC), oferece aprendizado técnico e trabalho para jovens a partir de 14 anos que estão sob a tutela do Estado, abrigados em instituições de acolhimento.

O Novos Caminhos oferece preparação profissional por meio do Instituto Euvaldo Lodi (IEL/SC), da educação profissional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e do complemento da educação básica do Serviço Social da Indústria (SESI), que também realiza cursos de prevenção a drogas e álcool e a doenças sexualmente transmissíveis.

“Oportunidade é a palavra-chave aqui. Vocês estão dando a primeira oportunidade da vida desses jovens e eles vão se agarrar a ela, sem dúvida. Em última análise, vocês estão transformando vidas”, destacou o Ministro Lélio Bentes Corrêa.

A reunião contou ainda com a presença do Desembargador Ricardo Orofino da Luz Fontes, da Juíza de 2º Grau e vice-coordenadora da Infância e Juventude Rosane Portella Wolff, da Juíza Ana Cristina Borba Alves, da Desembargadora do Trabalho-Corregedora Maria de Lourdes Leiria, da Desembargadora do Trabalho do TRT de Belém do Pará Maria Zuíla Lima Dutra, da Juíza auxiliar da Corregedoria do CNJ Sandra Silvestre, do Juiz do Trabalho do Paraná Rodrigo Clazer, da Juíza da Infância e Juventude de Rondônia Ana Valeria Queiroz e da Vice- Presidente do TRT-12 Mari Eleda Migliorini. Também estavam presentes os representantes da FIESC Carlos José Kurtz, Natalino Uggioni e Maria Antônia Amboni.

Como funciona

O projeto é desenvolvido em três etapas. Primeiro, os jovens participam do Programa Profissional do Futuro. Trata-se de um conjunto de nove capacitações que visam à aquisição de conhecimentos, atitudes e comportamentos importantes para o exercício de qualquer profissão. Esse programa foi elaborado com base em competências consideradas importantes por diversas empresas-clientes do IEL/SC e que podem ser desenvolvidas para estagiários, estudantes e demais profissionais em início de carreira.

Na segunda fase é realizado um trabalho de identificação do nível de escolaridade dos jovens, encaminhamento para cursos de aprendizagem, qualificação ou técnico. Posteriormente, são encaminhados para a indústria. A terceira etapa é o acompanhamento dos jovens por cinco anos.

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