Detentos de Joinville lançam livro de contos

Um projeto que leva a literatura para dentro da prisão teve seu momento mais importante na noite desta quinta-feira, 28 de abril, na Penitenciária Industrial de Joinville. Uma sessão de autógrafos com os 17 detentos que escreveram os textos que estão no livro “Contos Tirados de Mim — A Literatura do Cárcere” foi organizada pelo Juiz da Vara de Execução Penal, João Marcos Buch, idealizador do projeto, e pela Giostri Editora.

O evento contou, ainda, com a participação especial do Ator Luís Melo, que fez a leitura de um texto literário de sua autoria. Embora não tenha ligação com o sistema penitenciário, Melo é parceiro da editora e um incentivador da literatura. Ele atuou em novelas da Rede Globo, como "O Amor Está no Ar", "Pecado Capital", "A Padroeira", "A Casa das Sete Mulheres", "América", "O Cravo e a Rosa" e "Cobras e Lagartos".Também prestigiaram a sessão de autógrafos a Juíza Corregedora Lilian Telles de Sá Vieira e os Juízes Guilherme Augusto Portela de Gouvêa e Tiago Fachin.

O organizador do encontro, Juiz João Marcos Buch, destacou que a realização da referida obra é de grande importância dentro do processo de ressocialização dos detentos. “Ludwig Witggenstein já dizia que o universo de um homem é medido pelo tamanho de seu vocabulário. Da mesma maneira como ocorre com o leitor, o escritor reflete, identifica-se com o tema e personagens, questiona, pensa. Com isso, o contador de histórias expande seu universo, desenvolve a empatia e passa a compreender melhor sua própria história. Isso é educação, é fortalecimento da ética, é resgate da dignidade humana”, frisou.

O projeto

O projeto de leitura existe desde 2013 e propõe que os apenados leiam um livro por mês e escrevam uma resenha, sendo avaliada posteriormente por professores. Assim, a cada texto concluído e entregue, os presos podem diminuir quatro dias da pena. Em um ano, é possível reduzir até 48 dias.

Os textos escritos pelos detentos, embora ficcionais, têm muito do dia a dia vivido dentro da prisão, a rotina e os conflitos, mas não são autobiográficos.

Os autores têm entre 20 e 39 anos e cumprem penas por diversos tipos de crimes. Eles trabalharam durante os últimos meses nos textos num espaço especial criado dentro da Penitenciária Industrial de Joinville. Além da sala de leitura, há bibliotecas espalhadas pelos setores da prisão.

Uma oficina literária foi realizada com os presos para transformar os relatos em contos. Segundo o Magistrado, em torno de 200 presos leram mais de 1,5 mil livros no ano passado. O livro conta com notas introdutórias da Escritora e Psicanalista Betty Milan e do Dramaturgo, Psicanalista e Psiquiatra Antonio Quinet.

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