Magistrados e familiares despedem-se do Desembargador Victor José Sebem Ferreira

Com o sentimento de profundo pesar e surpresa, familiares, colegas e magistrados partilharam, neste domingo (27), a dor de perder um amigo. Assim foi o sepultamento do Desembargador Victor José Sebem Ferreira, em São José (SC), marcado por forte comoção. Entre os primeiros sintomas e o seu falecimento, ontem (26), se passaram apenas 36 horas. Vítima de um “aneurisma da aorta”, Ferreira submeteu-se, ainda, a uma delicada cirurgia no Hospital SOS Cárdio, em Florianópolis, mas não resistiu.

Ao lado do corpo, durante todo velório, uma senhora profundamente emocionada pedia, com suas lágrimas, a oportunidade de trocar de lugar com seu filho. “Vó Querida”, como é conhecida a senhora Rosalina, mãe do Desembargador Victor Ferreira, não se conformava com a morte prematura. Mas, mesmo fragilizada, ela foi até o fim e sobre o corpo do seu filho lançou uma flor branca, símbolo do seu último adeus.

“Pessoa generosa. Homem de bem. Coração sempre radiante e acolhedor. Fazia da simplicidade a sua forma de viver e trabalhar”, pontuou, o presidente do TJ/SC, Desembargador Nelson Schaefer Martins. E completou: “Para os colegas, um parceiro. Para os advogados, um magistrado acessível. Para as partes, um homem solidário. Ele soube aprofundar seus conhecimentos jurídicos sem jamais perder o foco na compaixão e na solidariedade”.

Visivelmente emocionado, o Desembargador Eládio Torret Rocha precisou conter as lágrimas, para homenagear o companheiro, que também integrava a 4ª Câmara de Direito Civil do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC). Ele testemunhou, com o apoio de outros magistrados, que Ferreira tinha um compromisso pessoal em fazer justiça e, por isso, sempre esteve do lado dos mais necessitados e carentes. “Muitas vezes, como meu revisor, ele me ajudou a fazer, a trabalhar da melhor forma”, recordou.

Pelos mais próximos, o Desembargador era visto como uma pessoa muito humilde. Até o coveiro, seu vizinho de muito tempo, recorda as conversas rápidas com ele, enquanto Ferreira passeava com seu cachorro pelo bairro. “Era muito gente boa”, lamentou. A gratidão também marcou esse momento. Em especial, um senhor de cabelo branco, rompeu o silêncio e agradeceu pelos ingressos para o show do Roberto Carlos, que recebeu como presente do Desembargador. Entre tantas homenagens, a bandeira do seu time do coração, o Figueirense, estava lá. “Era o único defeito do nosso Vitinho”, disse o irmão, André Ferreira.

Para o presidente da Associação dos Magistrados Catarinenses (AMC), Juiz Sérgio Luiz Junkes, o Desembargador Victor Ferreira era não só um ser humano maravilhoso, mas, acima de tudo, um grande magistrado. Ferreira sempre participou do movimento associativo e integrava o Conselho Fiscal da AMC. “É uma perda irreparável e deixa órfã toda uma legião de admiradores. A magistratura catarinense está de luto e muito consternada, com a morte prematura e inesperada de um de seus mais ilustres quadros”, sublinhou Junkes.

Missa de 7º Dia – A cerimônia será celebrada na próxima sexta-feira, dia 1º de agosto, às 18h30, na Capela do Colégio Catarinense (Rua Esteves Júnior – Centro).

Currículo – Victor Ferreira, 54 anos, natural de Curitibanos/SC, ingressou na magistratura catarinense como Juiz Substituto em dezembro de 1984. Nesta condição atuou nas Comarcas de Curitibanos e Lages. Promovido ao cargo de Juiz de Direito, judicou nas Comarcas de São José do Cedro, Itaiópolis, São Joaquim e Curitibanos, até ser removido para a Comarca da Capital, em junho de 1994. Em Florianópolis, o magistrado atuou no Foro Central e no Foro do Continente. Em dezembro de 2001 assumiu o cargo de Juiz de Direito de 2º Grau junto ao Tribunal de Justiça. Tomou posse como desembargador no dia 7 de novembro de 2008.

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