Projeto Estrela de Esperança alcança a marca de 1500 atendimentos, em quase dois anos de atividades

Por Eduardo Nascimento

O Projeto Estrela de Esperança, que realiza atendimentos psicológicos com as partes envolvidas em violência doméstica, alcançou nos últimos dias a marca de 1500 atendimentos. A iniciativa é uma parceria entre a 1ª Vara Criminal da Comarca de Itajaí e a ONG Estrela de Isabel, com o apoio da Universidade do Vale do Itajaí (Univali).

Em um ano e meio de atividades, 175 indiciados e 230 vítimas foram atendidos pelas assistentes sociais e psicólogas da ONG, em uma sala especial para os debates, dentro do Fórum. A juíza Sônia Maria Moroso Terres, uma das idealizadoras da iniciativa, ressalta que a criação do projeto foi uma forma de suprir a carência de um serviço ainda pouco oferecido pelo poder público.

“Inúmeras mulheres batiam todos os dias a nossa porta, e não tínhamos ninguém especializado para fazer esse atendimento. Quando eu digo ninguém, é alguém que pudesse fazer a acolhida dessa mulher que vinha e vem fragilizada para nós, cheia de dores e que precisava ser acolhida. Buscando então resolver a omissão desse trabalho, junto com os servidores, advogados e alguns amigos, nós ajudamos na criação da Estrela de Esperança”, conta.

https://mail.google.com/mail/u/0/images/cleardot.gifOs trabalhos são realizados diariamente, com atendimentos coletivos e individuais, tanto das vítimas quanto dos agressores, partes em ações que tramitam na unidade jurisdicional. Além da terapia psicológica, o Estrela de Esperança também oferece apoio odontológico e assessoria jurídica gratuitos, oferecidos pela Univali. Já nos casos mais delicados, em que há situações risco, o Centro de Referência em Assistência Social do Município disponibiliza uma Casa Lar para o abrigo das vítimas, até a solução do caso.

Para a presidente da ONG, Roselene Figueiredo de Liz, o auxílio aos envolvidos em violência doméstica, além da satisfação pessoal de vê-los em recuperação, é uma oportunidade de crescimento para todos. “É um trabalho muito gratificante. É emocionante ver essas mulheres fragilizadas, mas ao mesmo tempo fortalecida pelas energias que recebem das colegas. Acho que o projeto está resgatando essas vítimas e os agressores pela escuta, dignidade e respeito”, reflete.

Vida nova

Um dos casos em atendimento no Estrela de Esperança é o de uma balconista, moradora da região, que teve os filhos abusados pelo próprio marido. O fato gerou grande repercussão no Vale do Itajaí e o homem acabou condenado a 30 anos de reclusão. A vítima relata, que mesmo com toda a tragédia, encontrou no Estrela de Isabel um grande aliado para recuperação de sua família.

“Consegui muita coisa boa até agora, muitas vitórias. De uma grande dor, consegui conhecer pessoas maravilhosas que apoiaram a mim e aos meus filhos e que nos deram todo o apoio necessário. Agora estou trabalhando e já consegui recuperar boa parte do que tinha perdido, como o respeito e a autoestima. E ainda pretendo recuperar muito mais”, desabafa.

Além das mulheres, há um grupo especial de atendimento também para os rapazes. Semanalmente, eles se reúnem com as profissionais para estudar, debater assuntos pertinentes ao comportamento humano e, é claro, ouvir o próximo.

“Quando vim, fiquei meio apreensivo. Poxa o que será que vai ser? Mas no fim foram encontros maravilhosos. Sempre que podia trazia algum artigo interessante para debater com os colegas. Um ótimo grupo de aprendizagem”, enfatiza um dos atendidos pelo projeto, que assim como boa parte dos envolvidos, conseguiu se recuperar e seguir em frente com uma nova esperança vida.  

 

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