Tudo começou com uma pergunta jurídica enviada por um ouvinte da Rádio Tubá, há nove anos, em Tubarão. E o que era para ser um caso isolado tornou-se o programa “Rádio Justiça”, que vai ao ar todas as sextas-feiras, quando juízes da comarca se reúnem no estúdio da rádio e tiram as dúvidas da população, enviadas por e-mail ou faladas por telefone, enquanto o programa acontece em tempo real.
O programa começou em 2003, mas a ideia de criá-lo surgiu em 1999, quando o juiz Paulo Ricardo Bruschi atuava em Videira. Na comarca, a rádio Verde Vale possuía uma hora semanal de programação sobre o Poder Executivo, três horas sobre o Legislativo e nenhuma sobre o Judiciário. Antes de ser transferido para Tubarão, Bruschi conseguiu que a rádio transmitisse um programa de 20 minutos semanais, gravado anteriormente, com notícias e prestação de contas do Judiciário.
Quando chegou na nova comarca, o magistrado reuniu três rádios de Tubarão e propôs uma programação sobre as atribuições dos juízes e que pudesse tirar as dúvidas da população, uma forma de contato direto entre o Poder Judiciário e a sociedade. Dois anos depois, a parceria aconteceu. O radialista Geraldo Salvador, da Tubá, começou a gravar as respostas dos juízes, depois de receber cada vez mais a participação dos ouvintes. O sucesso foi tanto que, cinco meses depois, o programa Rádio Justiça já era ao vivo, prática que continua até hoje.
Bruschi – padrinho do “Rádio Justiça” – acredita que o interesse dos ouvintes pelos temas jurídicos é resultado da Constituição de 1988, quando houve uma maior abertura política e uma busca mais ampla pelo conhecimento dos direitos dos cidadãos. O juiz comenta que as pessoas querem saber como tramita um processo e qual a sua duração média. “O programa é uma forma de levar à sociedade a relevância do papel do magistrado na garantia dos direitos fundamentais da população”, diz.
Atualmente, nos dias do programa, o estúdio recebe entre seis e sete juízes, de diferentes esferas: federal, estadual e do trabalho. Não há um tema definido antes do “Rádio Justiça” começar, mas o radialista cita os direitos trabalhistas, as questões familiares e de previdência como temas debatidos. “Geralmente, a primeira pergunta do ouvinte direciona a temática do dia”, assinala Salvador.
Para o juiz Eron Pinter Pizzolatti, atual responsável por convidar os magistrados e organizar a tabela de participação do “Rádio Justiça”, o programa “é uma forma de se aproximar a população do Judiciário e um espaço aberto para esclarecer as pessoas sobre o papel do juiz”. O esclarecimento é possível, já que os juízes respondem de que forma o magistrado atua nos casos citados e essa explicação demonstra o funcionamento do Judiciário.
Pizzolatti destaca que, durante a transmissão do “Rádio Justiça”, não são apenas dúvidas que surgem por telefone e por e-mail, mas também elogios. “Muitos parabenizam o programa, porque ele atinge todos os municípios da região.” E o interesse pelo programa é tanto, que o tornou o responsável pela maior audiência da Rádio Tubá. “Chega sexta-feira e tem uma fila de pessoas na rádio com documentos na mão”, conta Geraldo.