Redes sociais ampliam o papel fiscalizador do Judiciário e da Imprensa nas eleições

Por Suélen Ramos

O primeiro painel do Simpósio Judiciário e Imprensa discutiu “O papel das redes sociais nas Eleições 2012”, com a participação dos Juízes Romano José Enzweiler e Fernando de Castro Farias, junto aos jornalistas Moacir Pereira e Carlos Damião e com a mediação do Desembargador Nelson Juliano Schaefer.

O Desembargador abriu o debate falando do papel fundamental dos meios alternativos de comunicação, como as redes sociais, no processo eleitoral e a contribuição que podem representar nas eleições desse ano. “Essas ferramentas possibilitam que a comunicação seja muito mais democrática, já que não são controladas por grupos de poder”, ressalta.

Um dos pontos polêmicos do uso das redes sociais, principalmente durante as eleições, segundo o Desembargador Nelson Juliano Schaefer, é a prática da campanha eleitoral antecipada, que deve ser fiscalizada e combatida. “Mas se um blogueiro faz críticas e levanta suspeitas sobre um candidato, por exemplo, estas devem ser consideradas pelo Poder Judiciário, desde que não transbordem para ofensa pessoal”, concluiu o Desembargador.  

O Jornalista Moacir Pereira destacou a relevância da discussão proposta no painel, já que o acesso às tecnologias da informação também se expandiu. “E este cenário corresponde à ampliação do trabalho da mídia e do Poder Judiciário na fiscalização do processo eleitoral”, afirmou.

Com 42 anos de cobertura eleitoral, o jornalista Moacir Pereira ressaltou a excelência do trabalho feito pelo TRE de Santa Catarina. “A Justiça Eleitoral catarinense tem sido motivo de orgulho para nós, cidadãos, pela maneira como sempre conduziu o processo eleitoral, com muita lisura e competência”, destacou. O jornalista acredita que quanto mais os jornalistas conhecerem o trabalho do Judiciário e estes se informarem sobre as atividades da imprensa maior será o poder de convergência entre as duas categorias.

De acordo com o Juiz Romano José Enzweiler, o uso das redes sociais nas campanhas políticas é um caminho sem volta, principalmente após a revolução causada pelo então candidato à presidência dos Estados Unidos, em 2008, o democrata Barack Obama. “Obama conseguiu, por meio das redes sociais, se comunicar com a geração Y e motivar a juventude que estava apática, quando o assunto era política”, explicou. A grande vantagem dessas ferramentas, segundo o magistrado, é que quem as controla não é o Poder Judiciário ou o governo, mas a massa.

O jornalista Carlos Damião iniciou sua participação na discussão apontando que as informações postadas nas redes sociais infelizmente são pouco credíveis e, no caso das campanhas eleitorais, o conteúdo postado é pouco relevante para a imprensa. “Eu acredito que essas ferramentas podem influenciar no resultado das eleições, mas não da forma como vem sendo utilizadas pelos candidatos locais”, afirmou.  Mas o ponto principal da utilização das redes sociais, segundo Damião, é que elas possibilitam o debate e a pluralidade de opiniões.

Para o Juiz Fernando de Castro Farias, o grande desafio da utilização de ferramentas como Twitter e Facebook em tempos de eleição é a questão do anonimato que a internet possibilita. “Em Joinville determinamos a retirada de alguns ataques anônimos a candidatos municipais”, afirma o magistrado, indicando que o Poder Judiciário está atento à maneira como o processo eleitoral vem se desenrolando na internet.  Mas, o magistrado acredita que as redes sociais podem representar a única oportunidade dos candidatos que não possuem aporte financeiro mostrarem suas propostas. 

 

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