VI Simpósio Judiciário e Imprensa debate concretização do ideal de cidadania

O auditório do SENAI, em Blumenau, estava lotado na noite desta quinta-feira, 6 de novembro. Magistrados, jornalistas, estudantes e operadores do Direito participaram do tradicional Simpósio Judiciário e Imprensa, que debateu o tema “O Jornalista, o juiz e o cidadão: anseios e perspectivas”. O evento, uma parceria entre Associação Catarinense de Imprensa e Associação dos Magistrados Catarinenses (AMC), está em sua sexta edição e tem como objetivo promover o debate e aproximar os profissionais das duas áreas.

A abertura oficial contou com a participação do presidente da AMC, Sérgio Luiz Junkes, que ressaltou a importância do apoio mútuo entre os jornalistas e os magistrados. “Tenho certeza que o debate irá fortalecer o trabalho de todos os profissionais envolvidos e o trabalho conjunto entre os juízes e a imprensa. Sairemos daqui enriquecidos”, destacou. , o presidente da ACI, Ademir Arnon, voltou a defender que as comarcas do Estado tenham um assessor de imprensa qualificado para atender os jornalistas. “É uma reivindicação justa, que já fizemos durante os primeiros simpósios. Vamos reforçar o pedido junto ao Tribunal de Justiça, visando aproximar e melhorar a relação entre os profissionais das duas áreas”, ressaltou.

Em seguida, a juíza Quitéria Tamanini Vieira Peres, organizadora do evento, abriu os trabalhos, agradecendo a participação de todos os envolvidos. “Acredito que esta edição será uma semente lançada para que não falemos mais em distanciamento, mais em aproximação. É relevantíssimo será debater o papel da imprensa e da magistratura no exercício da cidadania”, afirmou.

Debate

 

 

 

 

 

 

 

Primeiro palestrante, o jornalista Alexandre Gonçalves, do Grupo RIC Record, destacou que a informação de qualidade é um “bem essencial à sociedade”. “Sociedade informada é uma sociedade com mais cidadania. Mudamos nossa relação de consumo. Hoje consumimos informação, ela está ao alcance das nossas mãos. É papel da imprensa é captar essa informação, processá-la, codificá-la e entregar ao cidadão”, analisou. Segundo ele, “se o judiciário é um serviço público, deve prestar uma informação eficiente. Infelizmente, o acesso aos juízes é muito difícil”.

Na sequência, o jornalista Joelson dos Santos, da RBS TV Blumenau, destacou que a imprensa e o judiciário devem estar unidos pela independência de ambos. “Há muito tempo se reclama da dificuldade de acesso da imprensa ao judiciário. Esse evento tem tudo pra se ajudar. Toda vez que um juiz aparece na imprensa, ele ajuda a esclarecer e tirar dúvidas da população. A população tem uma necessidade muito grande de informação, principalmente no que diz respeito aos seus direitos”, pontuou.

Representando o cidadão, o professor e sociólogo Nelson Garcia criticou a criminalização dos movimentos sociais na mídia. “Responsabilizam-os pela violência e tratam-os como insignificantes e intoleráveis, desqualificando os protestos. Pode-se dizer que a imprensa e o judiciário estão andando de braços dados, no sentido de criminalizar os movimentos sociais", disse.

Já o juiz Cláudio Eduardo Regis de Figueiredo e Silva, diretor-geral da Esmesc, ressaltou que o tempo da imprensa é completamente diferente do tempo do Judiciário, o que dificulta a relação dos profissionais. “Hoje, uma notícia publicada na internet dá uma volta ao mundo em 45 minutos. Essa é a velocidade da informação hoje. Já a velocidade do julgamento exige uma segurança para se decidir, pois estamos lidando com a vida de pessoas. Os ritos são demorados e os recursos são intermináveis”, disse. Segundo ele, "todo Direito que se trabalha hoje foi pensado para o século XX e não para o século XXI. Atualmente, no Brasil, temos um celular por habitante, em SC, dois por habitante. A relação do Judiciário e da população está mudando rapidamente. A magistratura, por exemplo, renovou 40% nos últimos cinco anos. É uma geração que viveu esse avanço tecnológico”.

Encerrando os trabalhos, o desembargador Antônio Carlos Malheiros, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP), afirmou que “é papel do juiz estar no meio das pessoas, pois é onde podemos ver as lágrimas. Encontramos as lágrimas nas favelas, nas ruas, nos lugares de grande desespero. Só assim, com esse contato, teremos uma magistratura que busque àquilo que a gente entende como Justiça. Infelizmente, acho que ainda estamos distantes disso”. E complementou: "Entendo perfeitamente as crianças que têm medo do escuro, mas não entendo os adultos que têm medo da luz".

 

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